E a vontade de chorar...

Ontem e hoje visitei duas creches na nossa "area". Nao gostei da primeira, mas estava pronta para matricular a Laura la, porque "seria melhor pra ela". A segunda, que vi hoje, eh melhor do que a primeira, bem melhor. E eh pra la que a pequena vai.

Laura nao entendeu nada, perguntou porque estavamos indo pra "nurseries". Eu disse que queria que ela me dissesse se ela gostava delas, se gostava das criancas, etc. Ela chegou timida, nao interagiu com as criancas, ensaiou brincar com os brinquedinhos e soh. Quando perguntei o que ela achou ela disse que nao gostou de nada e que nao queria ir pra creche e perguntou porque eu estava levando-a (ui, dificil escrever certo) pra creche. O coracao doeu. Eu disse que queria que ela conhecesse outras criancas e tivesse amiguinhos pra brincar muito, porque ela tinha que brincar e fazer bagunca e que era soh por uns dias. Ela fez carinha triste. O coracao sangrou.

Sei que criancas se adaptam, que se um dia nao querem uma coisa, no outro vao estar felizes da vida com essa coisa. E o mais importante: eu nao tenho capacidade de entreter a pequena por 12 horas, de maneira criativa e ativa, como tem que ser. Ela vai passar metade deste tempo na TV, certeza. E isso me mata, porque eu nao suporto TV, mas eu nao sei ser mae criativa-ativa-full time, 12 horas por dia, 7 dias na semana. Admiro muito quem seja - admiro e invejo. Tentei mudar, mas nao consegui. Talvez nao tenha tentado o suficiente. Vou continuar tentando, claro.

Semana que vem comeca o periodo de adaptacao dela, espero que corra tudo bem.

Batismo

Que eu sou contra a "obrigacao" de batizar minhas filhas nao eh novidade para ninguem que le esse blog ha um tempo. Nao sou contra o batismo, acho que cada um faz o que quer e segue sua religiao. O que sou contra eh a familia (do respectivo) colocar uma pressao sem fim na gente e marido querer ceder porque nao gosta de conflitos familiares (enquanto eu sou a favor de declarar a 3a Guerra Mundial).

Como nao vai me arrancar um braco nem fazer mal as minhas meninas (acho e espero), cedi. Cedi porque ou eh isso ou eh o divorcio (porque eu sou extremista) e nao acho que seja caso para tal, certo?

Com a Laura, foi tudo corrido, as pressas, estressante, irritante e chegou a rolar uma briga em familia (e eu nem precisei fazer nada). Com a Bia, tomei as redeas da familia e se vamos fazer, vamos fazer do MEU jeito. Primeiro: nada em lingua que eu nao entendo. Vai ser em ingles mesmo. Segundo: nada em religiao alheia. Vai ser numa "religiao neutra", a do pais que escolhemos como casa, a Patria amada das minhas filha. Terceiro: quem escolhe os padrinhos sao os pais. Com isso em mente, marido e eu conversamos e escolhemos um casal de amigos daqui como padrinhos. Fizemos o convite e eles aceitaram.

Agora comeca o processo de entender como funciona o tal Christening aqui. Nos nao somos religiosos e nao frequentamos nenhuma igreja, acho que posso dizer o mesmo dos padrinhos; entao temos que achar uma igreja anglicana que aceite esta 'condicao' e nao nos obrigue a ir a missa.

Lendo sobre Christening, descobri que eh comum meninas terem DUAS madrinhas e um padrinho, mas quantos fica a criterio dos pais. Oi? Se eu quiser 4 de cada, pode? Esquisito, nao? Virou meio casamento, que hoje em dia a noiva tem 200 padrinhos e o noivo mais 200. Complicado demais pra mim.

Assim que eu descobrir mais e marcar a data do "evento", posto la no blog em ingles.

Inferno astral: existe isso?

Post escrito no dia 22 de maio, mas por algum motivo (escroto) o blogger nao postou!! Grrrrr....

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Hoje, dia 22/05, teoricamente começa meu inferno astral (e termina do da minha filha).

Nunca me decido se acredito nisto ou nao. Se parar pra pensar, sim, algumas coisas dao errado no mes que antecede o aniversario, mas tambem acho que eh porque nosso foco esta nas coisas negativas no periodo que antecede o aniversario. Sim? Nao?

Tenho certeza de que muitas coisas vao dar errado daqui ate o proximo dia 22, mas nada que ja nao esteja acontecendo. Nenem que nao dorme a noite, nenem que acorda na hora que mamae ta comendo, fralda que vaza na roupa da mamae quando ela ta na rua, marido que esquece de pagar a conta e so descobre dias depois quando o juros foi no ceu, marido que nao da conta de nenhuma das tarefas DELE (seguro/vistoria/taxas do carro, poupanca da filha) e acaba jogando tudo pra mamae aqui "que esta de ferias", avo que ajuda lavando roupa mas passa o dia inteiro so virando a roupa no varal "pra ficar bem sequinha" e nada mais alem disso, pessoas que sabem que voce tem que sair prum compromisso as 9:30 e as 9:25 resolvem tomar cafe da manha, filha mais velha que tem ataque de pelanca e quase tasca uma mordida na bochecha da mamae, mamae carregou peso (filha mais velha tendo ataque de pelanca) e as dores pos-parto voltaram com tudo e mais um pouco... Isso tudo aconteceu na ultima semana, e eu nem estava no inferno astral.

Sera que agora quebro o braco? O carro vai quebrar? Vai chover e fazer frio o mes todinho?

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To preocupada com inferno astral, nao. Se vier, tera dois trabalhos: o de vir e o de ir embora. To sem tempo de dar atencao a inferno astral, sabe como?

Arrumando a casa (pelo menos mentalmente), Surtadinha da Estrela e outras lamurias

A vida eh bela, pessoas! Minha filha mais velha eh uma figura, ta saudavel, e tudo mais. Minha filha mais nova eh uma fofinha, ta saudavel e tudo mais. Marido eh um santo, colocando a filhota pro banho pra eu poder escrever este post (bom, ele nao sabe disso).

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To cansada pacas. Eh ainda cedo pra eu reclamar que nao consigo fazer nada alem de cuidar de filho, afinal, a pequerrucha nao tem nem 3 semanas completas - a pobrezinha ainda esta se adaptando ao mundo. Tudo pra ela eh dificil e muito novo: fazer coco, soltar pum, arrotar, mamar, aguentar os berros da irma mais velha (isso eh dificil ate pra mim). Claro que nao poderia esperar conseguir arrumar a casa toda de cara, ne?

Mas eu queria tanto...

Nao to conseguindo dormir durante o dia. Nao perguntem, nao vale a pena (nem pra voces nem pra mim, senao vamos todos chorar).

Surtadinha da Estrela sou eu. Nao soh o cansaco, mas os hormonios em polvorosa, estao acabando comigo. Muito muito irritada e tolerancia -50. E se eu ja era raivosinha antes, imagina agora? Qualquer dia divido o dramalhao aqui, quando eu estiver rindo disso tudo, ao inves de querer chorar.

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Mas olha, apesar dos pesares, consegui priorizar umas coisas na casa e olha os planos.

* Jardim de inverno - o nome em ingles eh conservatory, mas nao sei o nome em portugues exceto "jardim de inverno". Vamos fazer um colado na sala de jantar, mas sera usado como play room para as criancas. Tipo, nosso jardim quase nao eh usado exceto um mes no ano, achamos melhor fechar uma parte para poder usar mais vezes. Roubei uma foto da internet, de um meio tosquinho soh para usar de exemplo. Como a gente esta indo com um bem simplorio e menos caro (ate o mais barato eh caro pra cacete, pros meus padroes), nao quero criar grandes expectativas em termos de beleza. Mas no geral, eh isso aih embaixo: pequeno e simples (ao inves de usar esses paineis na lateral, vamos fazer uma parede "de verdade"; o mesmo na frente, fazer uma muretinha, ao inves de usar os paineis).

* Grama artificial - ok, nao eh das coisas mais ecologicas, mas vou te contar que eu detesto cortar grama e detesto cuidar de planta. Acho lindo jardins verdinhos e bem cuidados, mas nao sou boa nisso. Quem sabe quando me aposentar. Entao vamos substituir nosso gramado (que tambem quase nao eh usado, e junta lama, lesmas, a grama seca, etc) por um artificial. Ainda estou esperando um ultimo orcamento, porque isso tambem eh caro.

Daih que em termos de grandes despesas, sao essas duas. Ainda tenho que achar alguem de confianca para pintar a casa (e consertar as rachaduras espalhadas), um eletricista para dar um jeito nas lampadas do banheiro, e um bombeiro hidraulico para ver nosso aquecedor e uns probleminhas que temos que parecem infiltracao. O problema eh achar esse alguem de confianca e que nao cobre os olhos da cara.

O resto eh cosmetico. Muita coisa para ajeitar, muita coisa pra jogar fora, muito zona para arrumar. Muita mesmo.

Nosso banheiro principal eh bem grande pros padroes das casas daqui, mas ele eh muito mais distribuido. Tudo super espalhado e quase nada de prateleira, nada para pendurar uma toalha, o vaso sanitario fica num cantinho apertadinho... Da um nervoso, lindo e nada pratico, totalmente nada a ver comigo (lindo ok, mas nada pratico...). Dai que estou sempre de olho em opcoes de aumentar prateleiras por ali e hoje dei de cara com essa foto na pagina da Ikea no Facebook. Acho a prateleira um charme, cabe tralha a beca, mas alguem sabe se... 1) isso apodrece com a humidade do banheiro?, 2) criancas vao usar isso de escada?

Realisticamente falando, acho que nao vai rolar. Somos um casal de baixinhos aqui... aquela prateleira la de cima vai servir pra colocar enfeite, ne? Porque eu nao alcanco nao.

Em tempo, a casa nao eh alugada, mas eu tenho pavor de furar parede, principalmente parede de banheiro.

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E para terminar o post, uma salva de palmas e todo meu respeito as maes tempo integral cujos filhos ficam o tempo inteiro em casa com elas! Acho lindo, queria muito, tentei, mas falhei. Estou procurando uma creche na area para a mais velha, por uns tres dias na semana.

A ideia era deixa-la em casa, com os avos paparicando, enquanto eu cuido da mais nova (leia-se alimento e troco fralda de manha, de tarde e de noite), mas o plano nao deu certo. Filha mais velha se recusa a sair de casa, esta tratando os avos meio mal e eu estou indo a loucura (sim, eh parte do processo Surtadinha da Estrela, mas apenas parte). E eu fico com pena dela de ficar trancada em casa (porque eu nao sou de ir pra rua o tempo todo, nao gosto e nao quero expor demais a pequena aos germes alheios antes dela tomar vacinas), sem brincar com outras criancas, sem correr, sem se sujar. Ela nao quer nem brincar com avos dentro de casa, sabe como? E eu nao consigo inventar 8 horas (ate mais, se pensar que ela acorda antes das 7h e vai dormir as 21h ou mais tarde) de brincadeira dentro de casa - sim, porque claro que o tempo tem que estar uma droga aqui, chovendo, frio, etc. Nao tenho essa criatividade toda e, principalmente, nao tenho energia para dar conta dela, da pequena e da casa.

Entao vamos ver se acho uma creche legalzinha, poucos dias, e vamos ver se ela gosta tambem. Se tudo correr bem, a levarei e buscarei na creche 3x na semana, vamos tambem fazer natacao 1x na semana, e achar uns grupinhos na area para ela gastar a energia dela. E se ela quiser passar um dia em casa, ok, ne?

Torcam (cedilha) por mim! (E aceito sugestoes do que fazer)

A vida eh muito mais do que pagar contas

Estava lendo a entrevista de Jose Mujica, presidente do Uruguai, onde ele rejeita o titulo de "presidente mais pobre do mundo". Ca entre nos, estou vivendo numa bolha tao fechada que eu nem sabia quem era o presidente do Uruguai, e muito menos que ele eh considerado o presidente mais pobre do mundo.

Se o cara eh um bom presidente, eu nao sei, nao sei como esta o Uruguai politicamente falando, mas ele jah eh meu idolo. Vejam soh:

- Ele doa 90% do salario dele para caridade
- Ele mora numa casinha na fazenda onde cria galinhas
- Ele vai pro trabalho de fusca

- Na entrevista, ele diz: “Eu não sou pobre. Pobre são aqueles que precisam de muito para viver, esses são os verdadeiros pobres, eu tenho o suficiente”, “Sou austero, sóbrio, carrego poucas coisas comigo, porque para viver não preciso muito mais do que tenho. Luto pela liberdade e liberdade é ter tempo para fazer o que se gosta”.

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Sou uma pessoa de poucos luxos, mas gosto de conforto. Tenho dificuldade de abrir mao de varias coisas consideradas futeis e desnecessarias, apesar de ter consciencia de que nao preciso delas para ser feliz. 

Gostaria de ser desapegada como o Sr. Mujica e outras pessoas assim. Gostaria de ser feliz numa casinha de campo, cercada de animais (que eu nem gosto, quase que tenho medo), arvores frutiferas, criancas correndo de pes descalcos, um riacho passando ao fundo e sem grandes preocupacoes com contas a pagar.

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Contas a pagar me tiram o sono. Detesto. Nao soh pelo fato de pagar conta (que normalmente nao vale o servico prestado), mas o que me mata eh que as contas nos fazem escravos do trabalho. Estou longe de trabalhar por prazer (sonho meu), trabalho pelo grana mesmo, porque temos tantas contas para pagar - luz, agua, gas, council tax, transporte, mercado, financiamento da casa, seguro do carro, seguro da casa, etc etc.

No Brasil nao tinha muito dessas, mas aqui, logo que vim pra ca, aluguei um quarto baraterrimo com todas as contas inclusas, ate internet. Mas depois a gente cresce, quer nosso espaco... e com isso ganhamos de brinde varias contas a pagar.

Aluguel aqui nao eh uma coisa barata e muitas vezes compensa comprar um imovel ao inves de alugar. Optamos por morar mais longe, quase fora de Londres, para comprarmos algo maior e acomodar a familia. Ainda assim, comprar imovel aqui eh caro e a perder de vista. E o grande medo eh perdermos o emprego ou - bate na madeira - um de nos morrer; nossa casa nao eh nossa ate pagarmos todas as prestacoes. Ate la, ela pertence ao banco.

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Cheguei a conclusao de que nunca chegarei ao estagio de desapego que gostaria. O que vou tentar eh viver melhor com o que tenho, mas sem desejar ter mais (rah, olha a hipocrisia vindo da pessoa que faz bolao com o povo do trabalho toda semana!!). O exercicio da vez eh ser menos estressada com as contas a pagar e curtir mais a vida.

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Primeiro exercicio vai ser em relacao a casa. A gente foca tanto em pagar o financiamento que esquece de fazer melhorias na pobre casa. Acaba que a gente ama muito pouco nosso lar, porque temos em mente que ele soh esta sugando nosso salario. Entao esse ano, durante a minha licenca maternidade, vamos, aos poucos, fazer umas obrinhas aqui e ali, algumas soh nos vamos ver, outras vao ser mais radicais e, esperamos, vao fazer todos mais felizes.

Aguardem!

Gente, nasceu, ok?

Caracoles, soh agora que me toquei que nao atualizei esse blog depois do post Por que? Acho que assumo que todo mundo que vem aqui, conhece tambem o Miss Lazy.

Entao, o relato do parto, no proprio dia 10 de maio, quando escrevi o tal post as 5 da manha, esta aqui, em ingles.

Como esse blog eh o mais politicamente incorreto, mais sincero e mais tosco, vou colocar aqui as impressoes que nao escrevi la, ou escrevi mais controladamente.

Meu parto foi normal, como eu queria. Beleza. Mas cheguei a conclusao de que essa coisa de parto NATURAL nao eh pra mim nao, pelo menos nao por enquanto. Se no primeiro parto eu sai toda frustrada, dizendo que no 2o seria assim, seria assado, no segundo, ja mais "em controle" (e com isso quero dizer, sem o povo do hospital me dizendo muito o que fazer ou tocando o terror), eu fiz quase tudo que fiz no primeiro, mas consciente das escolhas. Por exemplo: parto 1, anestesia, senti dores, pensei "ja que eh pra sentir dor com anestesia, da proxima vez nao tomo". parto 2, cheguei pedindo anestesia e pensei "vai que desta vez funciona".

A verdade eh que cada cabeca funciona de um jeito e a minha eh over racional. Se eu soubesse como seria o futuro, minhas decisoes seriam diferentes, mas como eu trabalho muito o "e se" e sigo muito pouco minhas emocoes e instintos, acabo fazendo coisas que depois penso "hmmmmm, poderia ter feito diferente". Mas, gente, a vida eh assim e nao adianta chorar o leite derramado.

Uma coisa que eu decidi que nem se eu tiver 5 filhos vou querer fazer: parto em casa. Podem tacar pedra, meu povo, mas a explicacao nao poderia ser mais futil. Depois de ver toda a sujeirada do parto 2 (nem reparei no parto 1), decidi que nao eh pra minha casa nao. No meio de sangue, suor, bolsa d'agua, placenta, bebe, cordao, fiquei pensando "onde raios poderia ter isso na minha casa? Vai acabar com o carpete, vou ter que jogar meu colchao fora, nao quero parir em cima de saco plastico, meu banheiro eh gelado...". Nao rola, nao da. Nao vou dar a luz aos meus filhos e depois ficar de quatro esfregando chao sujo de sangue.

Se um dia eu resolver ter o 3o (olha, apesar de jurar de pes juntos que nao, to olhando minha Bia aqui e ja pensando no proximo - esse negocio de parir vicia), ate consideraria parto na piscina, mas pro 2o tambem nao cogitei nao. Por que? Outro motivo meio nada a ver: parto 1 nao rolou de ver ou sentir a bolsa estourando. Nao sei o que houve, ninguem sabe. Aih, escasquetei na cabeca que se tivesse parto na agua, nao sentiria a bolsa de novo e eu queria muito muito ter essa experiencia. Pelo que senti/vi, acho que teria feito diferenca sim - a experiencia seria totalmente diferente. E eu adorei o "caplof" daquele mar de agua explodindo. Eu queria ter certeza de que a bolsa ia estourar desta vez - e ainda nao entendo como "deixei passar" da primeira vez; eh muita agua para nao perceber!!

A anestesista brincou dizendo que meu 3o filho nasceria em casa, nao daria tempo de ir pro hospital. Se seguir o padrao, capaz mesmo, viu? De acordo com o papel do hospital, dei entrada as 7:50 da manha e a Bia saiu as 9:04 da manha, ou seja, uma hora e 14 minutos de "parto". Claro que sem contar a noite em claro (que vamos combinar, foi "administravel). A parte chata eh a espera para ter alta do hospital - depois ainda soube que consideraram que sai "correndo" de la, porque soh fiquei seis horas no hospital depois que a nenem nasceu. Como assim, fofas, eu tava de banho tomado, malinha pronta, bebe embalado e na porta do quarto as 11 da manha, duas horas depois - as outras quatro horas de espera foram um "parto" de tao demoradas!

P.S.: Beatrice passa muitissimo bem, mama bastante, eh um docinho de bebe, nao curte muito dormir a noite e ta cada dia mais lindinha. Laura esta apaixonada pela irma, quer sempre beijar, abracar, agarrar, mas nao entende porque a irmazinha nao sorri, nao brinca, nao segura os brinquedos que ela da, e sente um pouco o excesso de atencao dado a pequena (o que parte meu coracao). As duas sao lindas e me fazem explodir de tanto amor.

O glamour da maternidade

Que deselegante!

Sempre namoro minha pequetita mais nova quando ela esta dormindo (que mae que nao faz isso, ne?). Gosto de alisar o rostinho dela, dar uns cheirinhos, e talz. Amo as carinhas e bocas que ela faz e adoro ve-la mamando. Como toda mae maluca coruja, ja vi varios sorrisinhos dela nesses 4 dias de vida. Entao que hoje estou eu fazendo meu carinho diario, e ela puxa um sorrisinho de canto de boca seguido de um prrrrrrrrruuuuuuuuuuurrrrrrtttttt: o maior pum do mundo!!!

Francamente, Bia, que deselegante!

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Estava eu ajeitando um video no You Tube pra Laura (ela ta numa fase Meu Querido/Pequeno? Poney), com a "Bia" acoplada no meu peito (tipo, eh isso umas 15 horas por dia), quando de repente. Prrrrrrrrruuuuuuuuuuurrrrrrtttttt. PRRRRRRRRUUUUUUURRRTTTTT. PRRRRRRRRUUUUUUURRRTTTT. Nem um, nem dois, mas TRES dos maiores puns do mundo e fedidos!!!!! Pode isso, bebe que so toma leite soltar pum fedido?! A culpa eh da minha alimentacao?

Laura, que estava bem no caminho do pum, soltou um: YUK, Bea, this is DISGUSTING!!!

Traducao: Francamente, Bia, que deselegante!

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Depois de uma das 2 mil mamadas do dia, fui colocar a Bia para a arrotar. Papai e Laura estavam no quarto, brincando na cama. To la eu pra baixo e pra cima, tapinha nas costas, arrota, minha filha, arrota. Finalmente... PRRRRRRRRUUUUUUURRRTTTTT. Pai e filha olham pra mim. Laura: mummy, what was THAT?! Pai: Did this come from her mouth?!

Traducao: Francamente, Bia, que deselegante!

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Sai do meu corpo que ele nao te pertence

Toda mae e possivelmente toda tentante ou interessada no assunto maternidade sabe que nem tudo sao flores no universo da gestante e das que acabaram de parir.

Eu, por exemplo, acho que tem muito menos glamour no meu mundo do que qualquer outra coisa. Eh que ninguem curte muito falar que ficou com hemorroida ao longo dos 9 meses de gravidez e a coisa piorou com o parto.

Nem gosta de falar que ta com incontinencia urinaria e tendo que fazer exercicios para os musculos da area da bacia/pelvis se voce quiser voltar a fazer xixi normalmente. E pode ter sido soh comigo, mas na 2a gravidez foi ainda pior - sabe aquela sensacao de vontade de fazer xixi que faz com que a gente va ao banheiro ou segure mais um pouquinho? Nao sinto mais isso - eh uma dor violenta de quem vai explodir e se eu nao saio correndo pro banheiro, alaga a casa. Eh muito xixi que sai, como se minha bexiga fosse do tamanho do mundo. Ainda bem que to usando absorvente (gente, eh como se a menstruacao dos 9 meses tivesse voltado de uma vez so).

Falo ou nao falo dos peitos, que estao chegando no umbigo? E do bico do peito com cara de couve-flor queimada (nao eh doenca nao, eh que o bico ficou enorme e da pra ver os furinhos por onde saem o leite)? Deixo pra la a barriga (molengona) de 6 meses que ficou pra tras? Menciono o exame da parteira, no dia seguinte ao parto, onde ela apertou a area onde seria meu estomago e disse "seu utero esta aqui" (OI?????), emendando com um "vai descer pra ca - area da bexiga - em umas seis semanas".

Mas nao tem nada nao, sei que passa. Vai passar. TEM QUE passar.

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Espelho, espelho meu

Se eu ja nao era das pessoas mais vaidosas quando era sem-filhos, agora, entao, mae de duas eu nem sei o que eh um espelho. Acho que desde que a "Bia" nasceu, soh escovei meu cabelo uma vez (mas lavei duas!!). Consegui tirar o esmalte de 2 semanas das maos dois dias depois do parto (fiquei com medo de sair lasquinhas e parar na boca da menina) e to rezando para a depilacao aguentar mais umas duas semanas, pelo menos (tolinha).

A parte boa da "falta de tempo para a vaidade" eh que eu estou desencanada em relacao ao peso. To gorda sim, obesa sim, preciso perder 20kg sim, mas isso nao tira meu sono como tirava ate pouco tempo atras. Nao da. Nao tenho nem tempo nem cabeca pra isso. Almoco todo dia, nao janto mas como bem a noite tambem. Meu cafe da manha include "crumpets" com Nutella e pao brioche com manteiga e um copo de Nesquick. Nada saudavel, mas solamento, corpitcho, eh o que eu consigo comer e pensar em comer no momento. Estamos trabalhando no quesito saladinhas para o almoco, ok? Entao vamos respirar fundo que eu levei 9 meses "construindo" esse corpo, vai levar um tempo para desconstrui-lo. (alias, se parar pra pensar em TODOS os quilos extras, sao quase 8 anos agregando valores).

Por que?

Li muitos e muitos relatos de parto e a grande maioria, senao todos, comecam na calada da noite. Por que?

Nao preguei o olho e estou morta, e ainda assim nao tenho muita certeza do que esta se passando aqui. As dores (contracoes?) sao bem intensas pro meu gosto, a ponto de eu nao conseguir dormir, mas sera que estao perto das dores reais?

E se ficar nessa o dia inteiro, por mais uns dois dias? Nao me espanta algumas mulheres estarem exaustas no final do parto (eu nao estava tanto assim, talvez por ter ido cedo pro hospital e pela anestesia).

Olha, doi bastante, ta doendo bastante enquanto escrevo isso, mas pode ser que eu nao seja muito resistente em relacao a dor. Tentei marcar as "contracoes", mas fiquei confusa. No inicio, parecia de 10 em 10 minutos, mas depois acho que reduziram, se espaçaram ou eu consegui achar uma posicao melhor (sentada na cama) pra aguentar o negocio. Agora, as 5 da manha, parece que estao ficando frequentes de novo. Ainda assim nao consigo cronometrar. Nao que eu seja tapada, mas eh que parece que elas nao tem comeco e fim. A barriga esta sempre dura e dolorida e dai vem uns picos de dor de matar.

Sabe caimbra na batata da perna no meio da noite? Aquela mega dor, e que quando "passa" na verdade nao passou, a dor foi tao intensa que ficou la e no dia seguinte a batata ainda ta doendo? Pois eh, eh isso.

To esperando marido acordar, de repente ele me ajuda nessa contagem.

Por que nao vou pro hospital? Porque vao me mandar pra casa. Preciso estar morrendo de dor, sem conseguir falar. Ou se a bolsa estourar (mais pra examinarem mesmo).

Na boa, eu so queria dormir.

Mai que Coulis?!

Entao que dia desses descobri esse tal de Coulis. Pelo que entendi eh pra colocar por cima de sobremesas como cheesecake.

Comprei dois pra testar, ja faz um tempo, e antes que eu devorasse a ultima lata de leite condensado do armario (minha 6a em menos de 1 mes), resolvi usar o treco pra fazer mousse de maracuja.

Como isso nao eh como aqueles sucos concentrados da Maguary, resolvi nao arriscar e colocar menos (vai que fica ruim e la se vai a lata de leite condensado). Entao rolou 1 lata de leite condensado, a mesma medida de creme de leite (o daqui: fresco mas o double extra thick), e metade da garrafa de coulis de maracuja. O treco vem com caroço e eu nao tive saco de ver se dava pra coar (acho que nao). Joguei tudo no liquidificador (ficou cremosao, mas consistencia de manteiga porque bati demais), depois numa vasilha e geladeira.

Ta gostosinho, um creme bem "rich" como chamam sobremesas doces e gordurosas por aqui e nao ficou com gosto forte de maracuja nao. Acho que daria um otimo recheio de bolo gelado. Um porem no meu caso: me da dor de estomago/azia por conta do meu estado. :(

Nao ofereci à filha nem ao marido (e ele nao descobriu). To me fingindo de morta e comendo aos pouquinhos (marido eh a gula em pessoa, capaz de comer o pote inteiro de uma vez e depois falar que nao estava bom).

Tenho um Coulis de frutas vermelhas e to pensando em fazer sorvete e/ou torta-cheesecake. Antes de ter nenem pode tudo, depois to de dieta, ok?

Quando eh o momento certo?

Assunto que vira e mexe surge em algum lugar eh "quando eh a hora certa de ter filhos?". Acho que nem existe resposta pra isso. O que posso falar eh totalmente baseado na minha experiencia pessoal e achismo.

Nao fui "doida" o suficiente no passado para entrar numas de "quero ter filhos, vai ser agora" com os namorados do passado. Todos eram "o" cara no momento deles, mas hoje em dia a gente sabe que nao eram, ne? Se dependesse da minha "vontade louca" de ter filhos, acho que estaria com uns 4, de pais diferentes.

Acho legal ter filhos quando a gente ainda eh nova - nao estou falando de nova, tipo 15 anos, ou ate mesmo 20 anos de idade. Dependendo dos nossos planos e ambicoes, aos 20 anos nao estamos nem com nosso diploma de faculdade na mao, nao temos uma carreira, nao temos experiencia nenhuma. E isso significa depender da familia para ajudar no sustento dos filhos ou ter um marido muito bom - principalmente financeiramente falando. Longe de mim criticar as maes jovens que optaram por isso, porque conheco algumas que sao super maes, se viraram bem, se formaram, tiveram uma carreira, etc, e estao aih hoje com filho adolescente e ainda tem energia de acompanha-los nas aventuras da vida. Tambem acho legal a ideia de ser uma "avo jovem" para aproveitar os netos.

No meu caso nao teria sido legal. Minha cabeca sempre foi uma montanha-russa emocional, instavel mesmo. Acho que teria levado meus filhos a loucura.

Claro que o relogio biologico sempre me pressionou. Achava que tinha que ser mae antes dos 30. Queria ser mae antes dos 30. Mas queria esperar o tal "momento certo". Nunca entendi ao certo o que significaria, mas na minha cabeca o momento certo era estar com um cara que eu respeitasse, amasse, fosse independente financeiramente, e que tivesse certas coisas em comum comigo. Ter um teto para morar. E nao ter dividas. Simples, ne?

Simples nada. Mesmo que a gente encontre "o" cara, voce nao quer simplesmente se jogar numa gravidez. Voce quer curtir o tal cara, namorar, viajar, conhecer a familia dele (mooooooiiiiiiito importante), se sentir confortavel de que "o" cara pra voce tambem eh "o" cara pros seus filhos. Depois tem a parte dos estudos - fez seu mestrado? PhD? E trabalhou na area, gastou seu diploma? Ta feliz com seu CV? E pronto, se comecar a pensar muito, o 1o filho chega aos 45 anos, com muita sorte.

Sim, eu queria ter filhos com marido, mas sempre adiava. Ate querer emagrecer os quilos extras eu queria. Putz, nao ia vir filho assim. Teve que ir no "susto". Mas um "susto" controlado. Estavamos juntos ha quase 5 anos, estavamos trabalhando, tinhamos nossa bagagem. E assim veio nossa primeira, aos 33 anos.

A segundinha veio no mesmo esquema. Confesso que apesar de querer quatro filhos originalmente, tive medo de ter dois. Da trabalho, muito trabalho. E na minha cabeca, ainda tinha muito o que fazer com Laura - descobrir como funciona direitinho. Mas crianca nao vem com manual e nao sao todas iguais. Se voce espera muito, capaz de desistir, ou nao poder.

O conselho eh "faca o que sua cabeca e seu coracao mandam, de preferencia com o apoio do parceiro".

Pessoas se vao: relato egoista de quem fica

Antes de mais nada, isso nao eh um post sobre morte. As pessoas que se vao em questao sao as que deixam o pais porque qualquer que seja o motivo.

Sempre digo que uma das coisas que nao consigo me adaptar no Reino Unido eh o clima. Nao tem jeito, nao suporto os dias cinzas e frios do longo inverno deste lugar. Mas fora isso, aprendi a aceitar, conviver e gostar de tudo.

Daih que um post e um tweet da Helo me fez lembrar de uma coisa que eu nao "gosto" daqui. Ok, "daqui" eh relativo, porque acho que isso acontece em qualquer lugar do mundo onde as pessoas do mundo inteiro resolvem tentar a vida. Eh que Londres eh um lugar super central e de certa forma de facil acesso na Europa.

Pessoas vem pra ca, por sei la que motivo, vao ficando, vao ficando, ate que um dia resolvem partir. As vezes nem eh pra voltar pra patria amada, eh pra continuar a aventura de morar "por ai". Afinal, o mundo eh grande demais para nos prendermos a um lugar soh.

Quando deixei o Brasil para estudar em Londres, tava meio de saco cheio da vida la. Nada demais. Tinha emprego, salario, apartamento sendo montado, um relacionamento meio atribulado que nao valia a pena, ia a manicure/pedicure/depilacao semana sim semana nao, estava numa fase de emagrecer, nao passava perrengue. Nao tinha motivo pra ir embora, mas tambem nao tinha porque nao arriscar, certo? Era a epoca limite, 28 anos, solteira e sem filhos. Se esperasse mais um pouco, viraria mae solteira e acabaria casada com o cara errado e pronto, a oportunidade passou.

Dei sorte que ganhei uma bolsa de estudo e visto de estudante que durava 18 meses. Ou seja, sabia quando viria e quando iria embora. Simples assim. Mas claro que o Sr. Destino tem outros planos pra gente e esses 18 meses viraram muitos meses (e que no momento estou com preguica de calcular). Acabei casada, com financiamento da casa propria, duas filhas a tiracolo (uma ainda na fila pra nascer) e com varios planos na cabeca.

Eu seria uma dessas pessoas que vem e vao, mas nao, estou aqui, quase 8 anos depois. Vi muitos amigos partindo - alguns a contra-gosto (falta de opcao mesmo), outros para tentar uma vida melhor em outro pais, outros porque nao aguentavam a vida louca de Londres e o clima tosco do pais, outros por pura saudade de casa. E nao, nao estou falando apenas dos amigos brasileiros.

A pior parte deste vai e vem de pessoas eh que, no meu caso, da trabalho fazer amigos. Porque eu preciso conhecer a pessoa, preciso saber o nome e o sobrenome dela, de onde ela vem, como eh o relacionamento com os pais, com o restante da familia, qual a banda preferida, do que gosta de comer, de fazer, etc. Sinto que se eu nao sei detalhes dela, a ponto de passar confortavelmente em um quiz, a amizade nao esta ainda ali. E eu fiz alguns poucos amigos assim nesse meu periodo em Londres. Mas a maioria nao esta mais aqui.

O problema eh que agora virei meio bicho do mato: moro longe, tenho filhos e zero ajuda quando preciso/quero sair a noite. Para sair nos finais de semana, tem que ser programa familia e nao eh todo mundo que tem saco de sair com gente com um bando de filhos. Pra ser sincera, hoje em dia eu mal consigo manter uma conversa decente com um outro adulto, porque minha filha me interrompe a cada 30 segundos. Triste admitir que acabo conhecendo as pessoas atraves de blogs and Twitter, quando elas os mantem atualizados. E eu morro de curiosidade sobre as pessoas - quero saber mais detalhes que elas nao dividem no mundo virtual (total entendo o porque).

Fico dividida entre investir tempo e energia em novas amizades (sempre acho que vale a pena, tanta gente interessante por aih) ou ficar na minha e poupar meu pobre coracaozinho de ser partido novamente.

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E o povo que some sem ter nem saido da cidade? Nos! Pois eh, a gente casou, teve filho e foi morar longe pacas. Entao perdemos contato com pessoas que ainda estao por aqui, mas que estao em outra fase da vida, moram do outro lado da cidade, e encontros sao cada vez mais dificeis. Acho que vai levar um tempo para eu conseguir colocar a cabeca em ordem e me organizar com duas criancas para criar um plano de acao para manter velhas amizades, desenvolver as existentes e criar novas.