Wednesday, June 24, 2015

A lógica infantil

Laura falava comigo e eu fazendo o que as mães fazem - cozinhando, jogando candy crush, sonhando com uma noite inteira de sono. Mal ouvia o que ela dizia, porque pra mim era mais um daqueles momentos dela tagarelando coisas sem sentido e sem parar. Até que meu ouvido registrou "como é que pode tanta gente morta assim?!" Já fui logo achando que ela viu alguma notícia de desastre aéreo na TV.

- Do que você tá falando, minha filha?

- Das pessoas mortas no mundo. O céu é cheio de estrelas!!! Milhões!

- Ok... pausa pra digerir a informação. outra pausa pra aproveitar e contar que são bilhões e que tem muita gente viva também - 6 bilhões, por aí.


Mãe tem que manter um caderninho de historinhas, né? Isso tudo começou em fevereiro do ano passado, quando expliquei que vovô Mário não estava mais conosco e ele tinha virado uma estrela lá no céu. Escolhi logo a mais brilhante pra facilitar (abafa que é Vênus) e a história de que quando morremos viramos estrela ficou.

Pelo menos ela estava prestando atenção.

Monday, June 22, 2015

Terapia Craniosacral

A pessoa deveria estar se desejando feliz aniversário, mas não, tá aqui postando sobre um troço completamente esquisito num post totalmente sem propósito.

Então, feliz aniversário pra mim. Ganhei um ano, porque achava que estava fazendo 39, quando é na verdade 38. Não faz diferença, porque continuo encafifada com esse anos. Não vi o tempo passar e não me sinto com esse monte de anos nas costas. Juro que minha cabeça acha que tô com 28 (ou menos).

Mas o corpo... olha, nem são os 20kg a mais não. Claro que eles contribuem, mas é tanta dor nas juntas que, caracoles, acho que tô com 69! E daí que eu achei que deveria fazer alguma coisa a respeito. Mas cadê tempo? Tempo pra me exercitar é depois das 22h, mas aí eu tô morta e com zero força de vontade. De manhã? Acordo às 6 normalmente, então teria que acordar às 5h e vixe, também vontade zero. Hora de almoço? Não tenho hora de almoço, porque saio cedo pra buscar as meninas. Marido companheiro e mãe parceira que ficam com as meninas pra eu poder cuidar de mim?! HAHAHAHAHHAHAHAHAHAHAHHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA

Enfim... voltando ao título. Eis que às 8 da manhã de sábado, marido ficar com as meninas (ele já ficava, mas eu dormia) pra fazer essa tal de terapia craniosacral. Alguém conhece? Parece piada o nome, né?

Fiz três sessões e não sei o que dizer. Eu sou meio blasé pra certas coisas, e ter alguém segurando minha cabeça e dizendo "hmmmmm, dá pra sentir que seu joelho tá travado" ou "é, seu lado direito tá bem traumatizado do seu primeiro parto" é meio demais pra minha cabeça. A moça cismou que minhas dores nos quadris são traumas do parto, como se meu corpo tivesse dizendo isso pra ela. Ok, pode até ser, né? Mas na minha cabeça, não é só isso. É o peso da idade, é o excesso de peso, são dois partos, carregar criança no colo, não fazer exercício há milênios, substituir o pouco que eu andava por carro, ficar o dia inteiro sentada na cadeira numa posição tosca, não ter a mínima consciência de postura, ser mega ansiosa, o acidente de carro há 10 anos, todos os outros problemas de bem antes disso... a questão é que adoro qualquer tipo de massagem, mesmo essa craniosacral, que não é bem massagem. E se a mulher tá me dizendo que o problema é X, vambora tratar dele. Mal não deve fazer, né? Ela trabalhou bastante as juntas dos quadris nas duas últimas sessões - eu estava com muita muita dor e tá dando uma melhorada. Fiz três sessões e faltam mais três. Ela não prometeu cura milagrosa, mas pelo que entendi, esse tratamento é o início do processo de "melhora". Quem quiser saber mais, achei esse site em português aqui, que tem até videozinho. Confesso que o conceito era tão abstrato que, depois de ler em inglês, catei o site em português pra ver se eu tinha entendido mesmo a teoria do negócio. Quem for entendido do assunto e quiser deixar comentário, agradeço.

Sunday, June 21, 2015

Dá até pra fingir que tô sozinha

Hoje a gente foi pruma feijuca na casa de amigos e as meninas se esbaldaram de brincar. Caçula nem tirou o cochilo da tarde. Conclusão: 7 da noite e tá tudo mundo dormindo. Menos eu. Tô aproveitando o silêncio e não ter que fazer social.

Como é que eu falo isso sem parecer que eu sou uma pessoa estranha? Não sei, então azar, colocarei o rótulo de estranha na testa e direi assim mesmo: eu sinto MUITA falta de ficar sozinha, sem ninguém por perto, nem marido, nem mãe, nem crianças. Quando digo sozinha, quero dizer sozinha mesmo, sem correr o risco de esbarrar com algum sonâmbulo no corredor.

Morei sozinha muitos anos e me acostumei tanto que, dez anos depois, ainda sinto falta do meu espaço. Tanta falta que às vezes me pego pensando no quão sortudas as pessoas divorciadas são, principalmente se elas dividem a guarda das crianças irmãmente. Pensar em ter 3 dias da semana só pra mim é como um sonho, e um final de semana inteirinho semana sim semana não? Nossa, fico até arrepiada!

Taí, não disse que soaria estranho?

Friday, June 19, 2015

Procurando emprego (no Reino Unido)

(Isso aqui não é jabá de LinkedIn não, tá?)

Já comentei aqui da minha experiência pessoal em relação a trabalho no Reino Unido. Minha teoria: a área de marketing está inundada de pessoas fazendo a mesma coisa - se elas não capazes ou não, isso é outra história. Por isso, foi bem difícil pra mim conseguir a "primeira oportunidade" e acabei tendo que aceitar cargos de iniciantes, pra poder fazer, de novo, o caminho que já havia percorrido no Brasil. Mas não é regra; tem gente que tem mais sorte, tem gente que se vende melhor, tem carreira que tem mais vagas do que de candidatos.

Se você já mora aqui, tem visto que te permite trabalhar, ou passaporte válido par tal (União Européia, etc), aqui vão umas opções que andei vendo por aí:

Pra quem está começando (e não tem conta pra pagar): várias empresas oferecem Apprenticeship. Se você já pensa logo em The Apprentice, esquece. Esses apprenticeships dos quais estou falando são menos glamurosos. O que é? Uma forma de estágio para "entry level", seu primeiro emprego sério. O cargo é geralmente assistent (tipo team assistant) e você NÃO pode ter nível superior. A idéia é que ao mesmo tempo que você trabalha, você também faz um curso profissionalizante (chamam NVQ aqui). A empresa onde eu trabalho contrata muitos apprentices todo ano. O salário é ínfimo: £10,000/ano e não pagam passagem nem comida. Ah sim, tem idade limite também: entre 16 e 23 anos. Não tem garantia de ser contratado depois do ano do programa, mas vários dos que passaram pelo nosso departamento estão trabalhando na área que gostam em empresas legais. Os da empresa anterior (não era apprenticeship mas era um tipo de estágio também) se deram ainda melhor. Minhas duas estagiárias estão em cargo de gerência em empresas bacanas.

Como eu estava num dilema nos últimos meses, andei atualizando meu perfil no LinkedIn. Esse site é o único que eu uso para procurar emprego hoje em dia. Os três últimos empregos do meu marido foram através de contato por lá também (somos de áreas diferentes). O LinkedIn (infelizmente) não substitui entrevistas e cartas de referência e essas chatices todas, mas pula aquela etapa de mandar CV com cartinha de aprensentação. Tive vários papos com agências de emprego, pra checar o mercado, salários, etc. A conclusão foi que achar um trabalho flexível, num lugar de fácil acesso e com um salário bom vai ser meio difícil. Que bom que não estou com pressa.

Se você não tem um perfil, faça. Se tem, mantenha atualizado. E procure contatos em agências de emprego. As daqui são bem úteis e tem muitos contatos. Empresas também colocam vagas lá - todos os RHs das grandes empresas (Disney, Coca Cola, BBC, Arcadia, etc) usam o LinkedIn pra anunciar suas vagas. Se elas forem através de agências, elas pagam comissão. Eu já tive um pouco dos dois: agências e empresas entrando em contato para ver se tenho interesse em certa vaga. Uma das vantagens do LI é que as pessoas veem quem você conhece e quase que vira uma primeira referência.

Voltei a estaca zero em relação a mudança de emprego, como ganhei um aumento ok e tenho uma certa flexibilidade pra poder dar conta de ser mãe, até que o emprego perfeito apareça, não tem muito o que eu possa fazer. Mas ultimamente muitas agências e empresas tem entrado em contato, o que me faz pensar que tem uma leva de vagas abrindo no mercado (pelo menos na área de marketing e entretenimento). Daí o post de hoje. :)






Wednesday, June 17, 2015

Envelhencendo...

Não tem o papo de que a gente envelhece e fica sábio? Então aqui vão as 10 pérolas de sabedoria que a vida me ensinou recentemente:

1) A Apple e seus produtos são meio como a tal cartomante que você insiste em consultar. É legal quando funciona, né? Mas que trocinho caro quando não.

2) Meu (sábio) professor de biologia já dizia: opinião é como c*, todo mundo tem o seu e preza-se muito por ele. Então dê sua opinião, mas chamar o coleguinha de otário, babaca por não concordar com você é golpe baixo. Cartão vermelho!

3) O ser humano é contraditório: "ai que maldade o que a França tá fazendo com esse povo tentando cruzar a fronteira da Itália; desumano isso. Mas no meu país, não, tá?". Hipocrisia, estamos de olho.

4) É ok não ter ou querer ter opinião para certos assuntos: por preguiça, por falta de interesse ou de conhecimento. Tipo, caguei para a situação atual do Flamengo no campeonato brasileiro (Flamengo ainda existe?).

5) É ok ter e querer ter opinião sobre tudo também (lembrando dos pontos 2 e 3 acima).

6) Seu corpo não muda na mesma proporção da sua mente. E do mesmo jeito que os 40 são os novos 30 (25 no meu caso), os 60kg são os novos 50kg. As metas mudam (a menos que você seja instagrameiro de dieta e fitness, né?)

7) 100% das mães que eu conheço dizem que não sabem como viviam antes dos filhos e nem se imaginam sem eles. Pois, colhegas, eu vivia muito bem antes delas e sem elas me imagino numa praia linda da Austrália, e tirando férias na baixa temporada, e gastando meu salário em massagens e artigos de papelaria (pra mim), e não precisando comer chocolate escondida pra não dar mal exemplo.

8) 100% das mães que eu conheço dizem que não conhecem amor maior do que o amor pelos seus filhos. Agora que tenho duas, posso olhar pra trás, comparar todos os amores e dizer: concordo.

9) Ser gente grande e responsável é um pé no saco. Ter que trocar bateria do detector de fumaça, desentupir ralo do chuveiro e lembrar de comprar pão que você nem gosta é de uma chatice sem fim.

10) Não importa a sua idade: se você gosta de fazer listas desde pequena, você gostará de fazer listas até bem velhinha.


Tuesday, June 16, 2015

Ah, o verão...

... da Inglaterra é uma bosta, isso é fato, mas ainda assim deixo aqui o meu relato.

Verão é vida, verão é amor, verão é:

- Aquecedor ligado no trem lotado
- Bolotas de suor embaixo do suvaco
- Moscas gigantes e barulhentas, vespas abusadas e truculentas
- Um dia de sol, dois de chuva e três nublados
- Pessoas felizes e sem casacos
(mesmo quando tá 9 graus lá fora)
- Todo mundo pro pub, simbora!
- Cuidado pra não atropelar esquilos e raposas suicidas
(que no inverno nem dão sinal de vida) 

No verão dá coceira pra blogar e escrever
Mas falta assunto, porque tô mais preocupada em viver!


Monday, June 15, 2015

Dormir é preciso

Uma das coisas que mais sinto falta da minha época de mulher-sem-filhos é de dormir. Claro que sinto falta de sair com as amigas e poder prestar atenção no que elas estão falando, de entrar na calça jeans porque fazer dieta quando não se tem criança em casa é mais fácil, do silêncio, da casa arrumada...

Mas o que acaba comigo é não conseguir dormir bem e por horas suficientes. O bom e velho conselho do "durma quando as crianças dormem" é válido, mas daí seu senso de organização tem que ser joinha. Eu, por exemplo, só tomo banho no final do dia, pra lavar todo o stress e dormir limpinha, cheirosinha e relaxada. E tomar banho durante a semana só é possível quando as meninas estão dormindo. Arrumar bolsa e as coisas do dia seguinte? Mesma coisa. Sem contar coisas como lavar e guardar a louça, organizar a zona... E chega o verão, apesar de não fazer um calor decente, é bem claro, até 10 da noite. Desde então o hora de dormir passou pra 9 da noite (inverno = 7). 

Pra completar, nossas tentativas de faze-las dormirem na cama delas fracassaram. Elas dormem lá metade da noite e depois vem pra nossa cama. Essa noite foi patética: cada um dormindo numa direção, marido dormindo no pé da cama, eu na diagonal e as meninas atravessadas. De vez em quando eu surto, dou piti e por três noites cada um dorme no seu canto. 

 A gente precisa escolher nossas batalhas. Vivo dando esporro, reclamando, dizendo o que as pessoas devem fazer, como fazer. Além de eu ser a mala da casa, essa rabugice toda me consome. Dor estômago, de cabeça, nas costas... acho que tem tudo a ver com o fato de eu sempre estar reclamando, brigando. Então na maioria das vezes prefiro concentrar as energias em fazê-las entender que morder e bater não é legal, que tem que sentar direito à mesa, que o certo é comer de boca fechada, que depois de brincar tem que arrumar... São cinco anos nessa e com bem pouco progresso. Sei que em alguns casos o resultado só vem aos 18 anos, e mesmo assim só se eu continuar insistindo. 

Essa noite, apesar da zona na cama, eu dormi horas suficientes. A qualidade do sono não foi grandes coisas, mas ajuda muito, principalmente numa segunda feira. Bora começar a semana, que ela vai ser longa.