Último dia de Brasil e essa música (do título do post) não sai da minha cabeça. Zezé di Camargo e Luciano? Não sei mesmo. O la-ra, la-ra é porque eu nem sei mais nada da letra além do que o que escrevi.
Mas traduz bem, porque eu não sei e não gosto de dizer adeus. E tudo o que eu tenho feito aqui ultimamente é dizer adeus. Nas próximas férias, a casa será outra. Esta, a que frequentei pelos últimos 30 anos, provavelmente será demolida. Estão vendo a importância das fotos e de uma boa memória? 30 anos de história vão para o chão em nome do progresso. No começo achava que não iria sentir nada, mas hoje bateu uma tristeza sem fim.
A tristeza não é só por causa da casa, não. É a vida, essa danadinha, que vive nos pregando peças, algumas bem sem graça. Como alguns de vocês já sabem, meu pai foi-se. Numa quarta-feira à tarde, bem quietinho, sem fazer estardalhaço, deitado na sua cadeira reclinável, na frente da TV que ele nem mais assistia.
Foi estranho. Senti saudades de algo que não existiu. Senti saudades da vida feliz em família que eu não tive, do pai presente e participativo que ele não foi, do orgulho da minha família que eu não tenho. Bateu um misto de remorso e azedume que não são legais (pra mim, pra minha saúde). E eu não sei como lidar com isso, porque externamente eu parece ser uma coisa, mas por dentro a hipocrisia me deixa enjoada. Tô tentando muito muito muito, mas muito mesmo, focar nas coisas positivas. Nas histórias que quero carregar comigo, mas está sendo tão difícil... Você está lá, trabalhando no pensamento positivo, inventando mil historinhas para sua filha de como o vô dela era maneiro, e aparece uma foto dele todo feliz ao lado de uma família que não é a sua, numa época que você teve que fazer muita terapia - AOS SETE ANOS DE IDADE - porque o seu pai sumiu de casa. Daí você se lembra de que estava sofrendo pra cacete, fazendo sua mãe sofrer pra cacete com suas crises, enquanto seu pai estava curtindo a vida adoidado com outra família. Que enquanto as fotos dele eram só sorrisos, você mal tinha fotos porque são sorria. Gente, alguém tem alguma dica de como controlar esse sentimento ruim? De como apagar as memórias doídas do passado e só guardar coisas boas? Porque meu pai não era um santo (longe disso), mas um monstro também não era. Eu achava que as feridas estavam curadas, mas abriu muita coisa, nessas últimos dias.
Bom, pelo menos tenho uma boa "desculpa" para ser esse ser humano descompensado que sou, essa mulher histérica, paranóica, neurótica, rabugenta, rancorosa que sou. A culpa é do mundo, não é minha.
Não, não concordo com o povo que se faz de vítima do mundo à toa. As relações com as pessoas e com a sociedade nos moldam, mas é possível escolher o caminho que queremos seguir. Muitas vezes precisamos de muita ajuda - amigos, parceiros, família, terapeuta, pai-de-santo - e não é fácil. Mas os pais precisam assumir um pouco mais a responsabilidade sobre seus filhos e parar com essa palhaçada de "se eu errei foi tentando acertar". Pronto. Falei. Depois eu me arrependo.
Desculpem usar esse espaço público como um divã.
Sim, sofri com a morte do meu pai - não sou o ser humano insensível que esse post possa parecer. Mas quero exteriorizar um sentimento que está guardado aqui dentro e que fica escondido aos olhos dos outros, porque "é feio".
Apesar de tudo, está muito difícil ir embora dessa vez. Pela primeira vez, penso com carinho sobre voltar ao Brasil de vez. Antes, a resposta era sempre não. Agora é: suspiro profundo. pontada no coração. "Ai... pois é... quem sabe na aposentadoria" e mudo de assunto para evitar as lágrimas.
Mas traduz bem, porque eu não sei e não gosto de dizer adeus. E tudo o que eu tenho feito aqui ultimamente é dizer adeus. Nas próximas férias, a casa será outra. Esta, a que frequentei pelos últimos 30 anos, provavelmente será demolida. Estão vendo a importância das fotos e de uma boa memória? 30 anos de história vão para o chão em nome do progresso. No começo achava que não iria sentir nada, mas hoje bateu uma tristeza sem fim.
A tristeza não é só por causa da casa, não. É a vida, essa danadinha, que vive nos pregando peças, algumas bem sem graça. Como alguns de vocês já sabem, meu pai foi-se. Numa quarta-feira à tarde, bem quietinho, sem fazer estardalhaço, deitado na sua cadeira reclinável, na frente da TV que ele nem mais assistia.
Foi estranho. Senti saudades de algo que não existiu. Senti saudades da vida feliz em família que eu não tive, do pai presente e participativo que ele não foi, do orgulho da minha família que eu não tenho. Bateu um misto de remorso e azedume que não são legais (pra mim, pra minha saúde). E eu não sei como lidar com isso, porque externamente eu parece ser uma coisa, mas por dentro a hipocrisia me deixa enjoada. Tô tentando muito muito muito, mas muito mesmo, focar nas coisas positivas. Nas histórias que quero carregar comigo, mas está sendo tão difícil... Você está lá, trabalhando no pensamento positivo, inventando mil historinhas para sua filha de como o vô dela era maneiro, e aparece uma foto dele todo feliz ao lado de uma família que não é a sua, numa época que você teve que fazer muita terapia - AOS SETE ANOS DE IDADE - porque o seu pai sumiu de casa. Daí você se lembra de que estava sofrendo pra cacete, fazendo sua mãe sofrer pra cacete com suas crises, enquanto seu pai estava curtindo a vida adoidado com outra família. Que enquanto as fotos dele eram só sorrisos, você mal tinha fotos porque são sorria. Gente, alguém tem alguma dica de como controlar esse sentimento ruim? De como apagar as memórias doídas do passado e só guardar coisas boas? Porque meu pai não era um santo (longe disso), mas um monstro também não era. Eu achava que as feridas estavam curadas, mas abriu muita coisa, nessas últimos dias.
Bom, pelo menos tenho uma boa "desculpa" para ser esse ser humano descompensado que sou, essa mulher histérica, paranóica, neurótica, rabugenta, rancorosa que sou. A culpa é do mundo, não é minha.
Não, não concordo com o povo que se faz de vítima do mundo à toa. As relações com as pessoas e com a sociedade nos moldam, mas é possível escolher o caminho que queremos seguir. Muitas vezes precisamos de muita ajuda - amigos, parceiros, família, terapeuta, pai-de-santo - e não é fácil. Mas os pais precisam assumir um pouco mais a responsabilidade sobre seus filhos e parar com essa palhaçada de "se eu errei foi tentando acertar". Pronto. Falei. Depois eu me arrependo.
Desculpem usar esse espaço público como um divã.
Sim, sofri com a morte do meu pai - não sou o ser humano insensível que esse post possa parecer. Mas quero exteriorizar um sentimento que está guardado aqui dentro e que fica escondido aos olhos dos outros, porque "é feio".
Apesar de tudo, está muito difícil ir embora dessa vez. Pela primeira vez, penso com carinho sobre voltar ao Brasil de vez. Antes, a resposta era sempre não. Agora é: suspiro profundo. pontada no coração. "Ai... pois é... quem sabe na aposentadoria" e mudo de assunto para evitar as lágrimas.
Oooow Chris... entendo esse sentimento negativo que vem com algumas lembranças. O meu, por sorte, não é com ninguém da minha família. Não tenho uma resposta mágica pra sua pergunta (de como controlar o sentimento ruim), no meu caso, às vezes choro - muito, descontroladamente ou só um pouquinho, às vezes tento pensar em outra coisa de qualquer jeito e às vezes procuro alguém que saiba da história pra conversar... o sentimento ruim passa a ser uma lição pra não cometer os mesmo erros, pra ser diferente e pra levar uma vida melhor... Com certeza vc será uma mãe infinitamente melhor do que seu pai foi pra vc. Disso vc pode ter certeza. Pais erram sim, mas tem uma hora que a gente precisa "let go" pra gente não ficar maluca.
ReplyDeleteNossa, mil desculpas pelo comentário bíblia! Mas não vejo a hora de te ver e poder te dar uma abraço :)
Beijo grande!