Esse ano foi punk. Nada grave, nao, ok? Mas desde que tiramos nossa filha da creche, no inicio de abril, tivemos familia hospedada em casa.
Primeiro minha sogra veio, ficou um mes. Depois minha mae veio com o namorado, mais 35 dias. Depois meus sogros, que ficaram 3 meses. Eh coisa pacas, nao? Nao sei voce, mas nao moro com minha mae faz muitos anos... olha, mais de... 1, 2, 3... 15 anos. E morei muito tempo sozinha (o erro - ninguem deveria experimentar a liberdade de ter o proprio canto). E sou meio "claustrofobica". E um pouco anti-social (que nem sei mais como se escreve depois das novas regras da Lingua Portuguesa).
Mas uma coisa legal - no meu caso - de ser mae eh que fiquei muito mais flexivel e relevo muito mais coisas. Tipo 4 meses com os sogros. Porque um mes com a mae eh moleza. Com a nossa mae temos mais liberdade e intimidade. Podemos brigar sem culpa. Agora vai magoar a sogra? Alem de lidar com ela, ainda tem que lidar com o marido.
E se o marido eh do tipo que engole sapo soh para nao ter que se estressar? Tipo, marido eh do tipo que batiza filho soh para nao se estressar com os pais, nao porque acredita no batismo, saca? Que arranca arvore do quintal porque o pai enche o saco pra arranca-la. Que aceita plantar macieira no lugar da arvore arrancada, indo contra a decisao da esposa de deixar a area livre pra filha brincar. Sentiram o drama? Nao, eu nao entendo, nao respeito e raramente aceito.
Porque eu sou invocadinha. ODEIO (de odiar mesmo) quando alguem impoe alguma coisa que me afete. Amigo, quer pular da ponte, vai. Na fe. Se quiser, coloco ate flor no tumulo. Nao me atrapalha. Mas nao me diga (mande!) que cor pintar a parede da minha casa, que nome colocar nos meus filhos, que planta plantar no meu jardim. Sentiu o drama? Percebeu que nessa casa rolou algum stress?
Mas como disse la em cima, a maternidade me deixou muito paciente e flexivel. E aprendi que eh meio nojento cuspir no prato que se come, que eh feio morder a mao que te alimenta (hein? existe essa expressao?), etc. Minha sogra me ajudou MUITO. Nao tenho nem como agradece-la. Eu amo a minha sogra quase como amo a minha mae. Ela eh um doce, super prestativa, sempre no gas para aguentar a neta eletrica. Nos meses que ela ficou aqui, soh lavei louca porque quis, troquei fralda da minha filha porque quis (mentira, foi porque minha sogra estava dormindo, porque nem quando eu queria, ela deixava), cozinhei quando deu na telha. Mamata total.
Agora todos se foram, me abandonaram. Nao restou uma alma para ajudar. A filha esta na creche, trabalho expediente integral (e mais um pouco) e o inverno esta chegando. Tem vezes que sinto ate falta de ar. Minha rotina eh assim: acordo entre 6 e 6.30, junto com a filha que quer leite e ver o Mickey, mas nao quer trocar a fralda nem tirar o pijama. Assim comeca a primeira guerra do dia. Muito papo, muito jogo de cintura, muito abraco, beijo, risadas, pronto. Engulo o cafe da manha, troco de roupa a jato (banho? ta maluco? tenho tempo pra isso nao), o que significa geralmente colocar uma calca jeans, uma sapatilha e uma camiseta. Pentear cabelo eh para os fracos. Sim, escovo os dentes. Sim, tento convencer a filha a escovar os dentes, mas nem sempre ganho essa luta. Checo as 3 bolsas (minha bolsa de mao, a do laptop, a bolsa com tralhas da filha), carrinho no carro, filha no carro, e as 7h estamos saindo de casa rumo a estacao de trem. 35 minutos no trem brincando, batendo papo, fazendo um sh-sh de vez em quando. Na estacao rola escada - nao rolante - e vaaaaaaarios degraus. Segura mao da filha com uma mao, carrinho na outra, bolsas nos ombros. Deixa filha na creche, nao sem um escandalo basico. Corre pro trabalho. De 8h as 16h eh tanta ralacao que nem lembro que antes de escrava, sou mae, esposa e amiga. Nao ligo, nao mando email, nao checo se estao vivos. Quando consigo sair as 16h (normalmente eh mais pra 16.30 - hoje foi 17.15), busco a filha, bato um papo rapido na creche, ultimamente espero trocarem a fralda dela, e corro pra estacao - sempre perco 2 trens, e pego o 3o, das 17.02 (precisao britanica). No caminho pra casa a pobre crianca esta exausta, entao eh normalmente mais barulhenta e tem uns ataques de "ja chegou? nao quero mais trem! cade o suco, eu quero suco, mais suco, suuuuuuuco!". Chegando em casa eh a rotina brinca-desenha-TV-come mais um pouquinho, vai?-banho-livro-dorme as 20h/20.30h. Duas vezes na semana essa rotina eh interrompida pelo meu personal trainer. E o sono nao eh direto ateh as 6h do dia seguinte; a filha acorda pelo menos um vez no meio da noite.
Posso dizer que me cansa soh de escrever sobre e pensar no meu dia? Mas como nem soh de reclamacoes vive a pessoa, a gente tem que melhorar o que nao esta bom, certo? Entao... 3 bolsas viraram uma: nunca mais trago laptop pra casa - trabalho fica no trabalho; a bolsa da filha fica na creche e roupas extras, lanches etc, vao na minha bolsa, que eh grande. O escandalo no trem e na chegada a creche eh isso mesmo, a gente distrai daqui e dali, mas acho que eh da idade. A escadaria da estacao foi substituida por um caminho mais longo, soh que com escada rolante e/ou elevador.
A parte mais importante, e que faz a maior diferenca: a ajuda do marido. Ele tem acordado mais cedo e ajuda a arrumar a pequena, desde a guerra da troca do pijama ate coloca-la no carro. E a noite, a rotina do sono eh dele (a pedidos dela, que quer que o pai leia a historia pra dormir). Parece bobagem, "nada mais do que obrigacao de pai", mas marido vem de um pais machista, de uma familia machista e mudar trinta-e-poucos-anos de mensagem machista do ser humano (principalmente quando ele eh beneficiado por ela) eh dificil. Mas nao eh impossivel, muito pelo contrario.
No mais, acho que soh preciso me acostumar a nova rotina mesmo. A vida eh assim; nao sou a primeira nem a ultima mae que trabalha fora no mundo. A fase da pirraca nao dura pra sempre. E os pros ainda superam, e muito, os contras.
Primeiro minha sogra veio, ficou um mes. Depois minha mae veio com o namorado, mais 35 dias. Depois meus sogros, que ficaram 3 meses. Eh coisa pacas, nao? Nao sei voce, mas nao moro com minha mae faz muitos anos... olha, mais de... 1, 2, 3... 15 anos. E morei muito tempo sozinha (o erro - ninguem deveria experimentar a liberdade de ter o proprio canto). E sou meio "claustrofobica". E um pouco anti-social (que nem sei mais como se escreve depois das novas regras da Lingua Portuguesa).
Mas uma coisa legal - no meu caso - de ser mae eh que fiquei muito mais flexivel e relevo muito mais coisas. Tipo 4 meses com os sogros. Porque um mes com a mae eh moleza. Com a nossa mae temos mais liberdade e intimidade. Podemos brigar sem culpa. Agora vai magoar a sogra? Alem de lidar com ela, ainda tem que lidar com o marido.
E se o marido eh do tipo que engole sapo soh para nao ter que se estressar? Tipo, marido eh do tipo que batiza filho soh para nao se estressar com os pais, nao porque acredita no batismo, saca? Que arranca arvore do quintal porque o pai enche o saco pra arranca-la. Que aceita plantar macieira no lugar da arvore arrancada, indo contra a decisao da esposa de deixar a area livre pra filha brincar. Sentiram o drama? Nao, eu nao entendo, nao respeito e raramente aceito.
Porque eu sou invocadinha. ODEIO (de odiar mesmo) quando alguem impoe alguma coisa que me afete. Amigo, quer pular da ponte, vai. Na fe. Se quiser, coloco ate flor no tumulo. Nao me atrapalha. Mas nao me diga (mande!) que cor pintar a parede da minha casa, que nome colocar nos meus filhos, que planta plantar no meu jardim. Sentiu o drama? Percebeu que nessa casa rolou algum stress?
Mas como disse la em cima, a maternidade me deixou muito paciente e flexivel. E aprendi que eh meio nojento cuspir no prato que se come, que eh feio morder a mao que te alimenta (hein? existe essa expressao?), etc. Minha sogra me ajudou MUITO. Nao tenho nem como agradece-la. Eu amo a minha sogra quase como amo a minha mae. Ela eh um doce, super prestativa, sempre no gas para aguentar a neta eletrica. Nos meses que ela ficou aqui, soh lavei louca porque quis, troquei fralda da minha filha porque quis (mentira, foi porque minha sogra estava dormindo, porque nem quando eu queria, ela deixava), cozinhei quando deu na telha. Mamata total.
Agora todos se foram, me abandonaram. Nao restou uma alma para ajudar. A filha esta na creche, trabalho expediente integral (e mais um pouco) e o inverno esta chegando. Tem vezes que sinto ate falta de ar. Minha rotina eh assim: acordo entre 6 e 6.30, junto com a filha que quer leite e ver o Mickey, mas nao quer trocar a fralda nem tirar o pijama. Assim comeca a primeira guerra do dia. Muito papo, muito jogo de cintura, muito abraco, beijo, risadas, pronto. Engulo o cafe da manha, troco de roupa a jato (banho? ta maluco? tenho tempo pra isso nao), o que significa geralmente colocar uma calca jeans, uma sapatilha e uma camiseta. Pentear cabelo eh para os fracos. Sim, escovo os dentes. Sim, tento convencer a filha a escovar os dentes, mas nem sempre ganho essa luta. Checo as 3 bolsas (minha bolsa de mao, a do laptop, a bolsa com tralhas da filha), carrinho no carro, filha no carro, e as 7h estamos saindo de casa rumo a estacao de trem. 35 minutos no trem brincando, batendo papo, fazendo um sh-sh de vez em quando. Na estacao rola escada - nao rolante - e vaaaaaaarios degraus. Segura mao da filha com uma mao, carrinho na outra, bolsas nos ombros. Deixa filha na creche, nao sem um escandalo basico. Corre pro trabalho. De 8h as 16h eh tanta ralacao que nem lembro que antes de escrava, sou mae, esposa e amiga. Nao ligo, nao mando email, nao checo se estao vivos. Quando consigo sair as 16h (normalmente eh mais pra 16.30 - hoje foi 17.15), busco a filha, bato um papo rapido na creche, ultimamente espero trocarem a fralda dela, e corro pra estacao - sempre perco 2 trens, e pego o 3o, das 17.02 (precisao britanica). No caminho pra casa a pobre crianca esta exausta, entao eh normalmente mais barulhenta e tem uns ataques de "ja chegou? nao quero mais trem! cade o suco, eu quero suco, mais suco, suuuuuuuco!". Chegando em casa eh a rotina brinca-desenha-TV-come mais um pouquinho, vai?-banho-livro-dorme as 20h/20.30h. Duas vezes na semana essa rotina eh interrompida pelo meu personal trainer. E o sono nao eh direto ateh as 6h do dia seguinte; a filha acorda pelo menos um vez no meio da noite.
Posso dizer que me cansa soh de escrever sobre e pensar no meu dia? Mas como nem soh de reclamacoes vive a pessoa, a gente tem que melhorar o que nao esta bom, certo? Entao... 3 bolsas viraram uma: nunca mais trago laptop pra casa - trabalho fica no trabalho; a bolsa da filha fica na creche e roupas extras, lanches etc, vao na minha bolsa, que eh grande. O escandalo no trem e na chegada a creche eh isso mesmo, a gente distrai daqui e dali, mas acho que eh da idade. A escadaria da estacao foi substituida por um caminho mais longo, soh que com escada rolante e/ou elevador.
A parte mais importante, e que faz a maior diferenca: a ajuda do marido. Ele tem acordado mais cedo e ajuda a arrumar a pequena, desde a guerra da troca do pijama ate coloca-la no carro. E a noite, a rotina do sono eh dele (a pedidos dela, que quer que o pai leia a historia pra dormir). Parece bobagem, "nada mais do que obrigacao de pai", mas marido vem de um pais machista, de uma familia machista e mudar trinta-e-poucos-anos de mensagem machista do ser humano (principalmente quando ele eh beneficiado por ela) eh dificil. Mas nao eh impossivel, muito pelo contrario.
No mais, acho que soh preciso me acostumar a nova rotina mesmo. A vida eh assim; nao sou a primeira nem a ultima mae que trabalha fora no mundo. A fase da pirraca nao dura pra sempre. E os pros ainda superam, e muito, os contras.
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Uuuuh, so you decided to comment, huh? Well done!